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sexta-feira, 3 de julho de 2015

Com muitas saudades

Tenho saudades tuas e do avô. Tenho saudades de quando me ligavas todas as semanas e desta vez passaram-se 7 meses sem o fazeres. Nunca me procuraste. Começaste o ano sem mim. Tens saudades? Saudades deves ter. Deves ter como eu tenho. Ou nem te lembras, não sei. 
Porquê que estamos assim? Cada um para o seu lado, e já não falo só de mim, falo também do pai e da mãe. Eu vou tentar explicar, pelo menos o nosso lado, porque o teu eu não sei. Há coisas que fazes que magoam e nos fazem afastar. Podes nem te aperceber ou fazer por mal, mas escolhes sempre o padrinho e elas as duas. No Natal, que é uma altura de família, voltaste novamente a querer passá-lo com eles e não connosco, mesmo eu tendo-te pedido para o passares cá em casa. Passas um ano inteiro com eles porque eles não saem de tua casa, mas se nós não vamos aí, tu também nunca vens cá. Antes até vinhas, mas deixas-te de o fazer. Das coisas que sempre odiei foi o facto de o padrinho parecer que tem ciúmes da relação que tens comigo e da relação que tens com a Fabiana. Nunca percebi. Eu é que sou tua neta desde sempre e sou eu quem age ou agia como tal. Ela não é tua neta, e se quiseres considerar que é, é há poucos anos e nunca agiu como tal. Se ele tivesse olhos na cara via a relação que eu tenho contigo e via a que a Fabiana tem. São relações diferentes. Ele acha que a Fabiana é tão ou mais neta por passar mais tempo contigo? Se é, porque será. Porque não saem daí. Passam aí a vida. E eu gostava de ir para aí para estar só contigo e com o avô. Porque tu ages de uma maneira quando estás só comigo e ages de outra quando eles estão presentes. Olho todas as semanas para uma foto de nós os três, desde que me apercebi que não ias ligar mais. Uma que tirámos no verão do ano passado aí em casa ao pé da piscina. Traz-me tantas saudades. 
Nestes 7 meses, dois amigos meus perderam as avós e o que me vem logo à cabeça é se o mesmo acontece contigo ou com o avô, eu vou sentir-me arrependida por ter perdido estes meses todos. E tu? Será que te arrependerias? Mas como é que se recupera? Como é que chego ao pé de ti e ajo como não se tivesse passado nada, como se não estivéssemos estado ausentes da vida uma da outra neste tempo todo? Não sabes nada de mim e eu também não sei nada de ti nem do avô. Namoro há 14 meses e nunca te contei porque os primeiros 6 meses ninguém sabia e os outros são os que estou sem falar contigo. E eu gostava que soubesses. Gostava que soubesses como já toda a gente sabe. Já passaste duas vezes por mim, e nas duas não fizeste nada. Na primeira vez olhei para a carrinha e nem tu nem o avô fizeram nada. Na segunda limitei-me a baixar a cabeça mas tenho a certeza que me viram. Não apitam, não dizem nada, não param a carrinha. Perdi o lugar porque deixei de estar presente? Tenho-te a ti e ao avô tão vivos e sinto-vos tão mortos em mim. É difícil explicar o que eu sinto quando me perguntam por vocês. Mas sinto tristeza. Muita. Porque há quem goste de nos ver assim e se aproveite disso. Mas existem prioridades e eu deixei de ser uma há muito tempo.
Quero que guardes isto para ti e quero que saibas que sinto a tua falta todos os dias, que nunca me esqueço de ti e que o sentimento de ausência da tua chamada a dar-me os parabéns pelos 17 anos, apesar de eu saber que não ias ligar, me partiu o coração e me fez voltar a escrever uma carta. Porque eu já escrevi muitas, mas nunca te dei nenhuma.

Adoro-te muito. Adoro os dois. Adoro-vos.

Com muitas saudades, 
 Ana              




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