Antes de ti, disse para mim muitas vezes que não iria voltar a dar tudo a alguém e que me meteria a mim primeiro. Mas aos poucos vieste tu e fizeste mudar as coisas. Uma a uma. Mudaste a rotina e fizeste-me adaptar e adorar a que me impuseste por estares presente diariamente. Fizeste-me habituar às mensagens de bom dia e boa noite e às mensagens de como correu o dia, fizeste-me habituar aos teus horários, fizeste-me baixar as armas e obrigaste-me a deixar-te chegares perto até me começares a tocar ao coração. Cativavas-me como ninguém cativava e dia após dia fazias-me dar mais um bocadinho de mim a ti e tenho a dizer que o mereceste e continuas a merecer como ninguém. Não me arrependo de nada e acho que isso é o mais bonito e o mais importante. Poder olhar para trás e ser capaz de dizer que não me arrependo das coisas feitas e ser-me permitido orgulhar do passado. O orgulho é tão grande quando relembro tudo o que já passámos e ainda mais quando relembro os primeiros seis meses (por terem sido os mais complicados e decisivos, não por nossa culpa, mas por culpa de muitos entraves) e mesmo assim termos aguentado firmes e sem abanões enche o coração de certezas. Porque certezas tenho muitas mas a própria vida é tão cheia de incertezas que essas mesmas certezas ficam suspensas no ar mas bem ligadas a mim fazendo-me focar nelas e dar tudo. Dar tudo o que tenho. Dar o melhor de mim. E até hoje continuas a valer o esforço, a dedicação, o tempo, o amor e tudo o que tens levado de mim. Não levas porque tudo o que levas tu retribuis. Dás igualmente tudo à nossa relação e eu não poderia estar mais agradecida por ter alguém a meu lado que dá o melhor de si para fazer de mim o melhor que posso ser.
Arrisco-me a dizer que somos um golpe de sorte porque ninguém nos dava nada até começarmos a mostrar que éramos mais fortes do que pensavam. "É uma paixoneta e vai durar pouco". Ouvi tantas vezes e a minha resposta sempre foi a mesma: silêncio. Sempre disse para mim mesma que o tempo iria mostrar a quem não acreditava que as coisas poderiam resultar. E resultaram. Resultaram tão bem que ainda hoje, de vez em quando, me questiono como encaixámos tão bem na vida um do outro sendo vidas tão diferentes. Estilos, costumes, pensamentos, objetivos, mundos, visões. Tudo indicava o sentido oposto nas nossas vidas, mas a curiosidade era grande ao ponto de nos acabar por virar os sentidos e apontar as setas bem no sentido um do outro. Fomos apanhados na melhor fase das nossas vidas. Eu com os meus quinze quase dezasseis e tu já com os teus dezoito e agora cá estamos nós com os nossos dezassete e dezanove feitos. Apanhaste-me na fase das experimentações das coisas típicas destas idades. Estiveste presente na minha primeira bebedeira, no meu primeiro bafo e numa outra primeira vez. E fora as experimentações, tens estado presente em tudo sem nunca me falhares.
Já ouvi muitas vezes que o amor não é para se ver mas sim para se sentir. É verdade. Mas o amor também se vê. Vê-se nos gestos, nos atos, no olhar, nas expressões. Vê-se em tudo que se faz. E vou conjugar as coisas. Sinto amor no que vejo. Sinto amor ao ver-te e sinto amor quando te vejo a olhar para mim.
Lado a lado, dia após dia, vamos sendo felizes juntos. Extremamente e unicamente felizes há catorze meses.