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segunda-feira, 13 de julho de 2015

02052014

Antes de ti, disse para mim muitas vezes que não iria voltar a dar tudo a alguém e que me meteria a mim primeiro. Mas aos poucos vieste tu e fizeste mudar as coisas. Uma a uma. Mudaste a rotina e fizeste-me adaptar e adorar a que me impuseste por estares presente diariamente. Fizeste-me habituar às mensagens de bom dia e boa noite e às mensagens de como correu o dia, fizeste-me habituar aos teus horários, fizeste-me baixar as armas e obrigaste-me a deixar-te chegares perto até me começares a tocar ao coração. Cativavas-me como ninguém cativava e dia após dia fazias-me dar mais um bocadinho de mim a ti e tenho a dizer que o mereceste e continuas a merecer como ninguém. Não me arrependo de nada e acho que isso é o mais bonito e o mais importante. Poder olhar para trás e ser capaz de dizer que não me arrependo das coisas feitas e ser-me permitido orgulhar do passado. O orgulho é tão grande quando relembro tudo o que já passámos e ainda mais quando relembro os primeiros seis meses (por terem sido os mais complicados e decisivos, não por nossa culpa, mas por culpa de muitos entraves) e mesmo assim termos aguentado firmes e sem abanões enche o coração de certezas. Porque certezas tenho muitas mas a própria vida é tão cheia de incertezas que essas mesmas certezas ficam suspensas no ar mas bem ligadas a mim fazendo-me focar nelas e dar tudo. Dar tudo o que tenho. Dar o melhor de mim. E até hoje continuas a valer o esforço, a dedicação, o tempo, o amor e tudo o que tens levado de mim. Não levas porque tudo o que levas tu retribuis. Dás igualmente tudo à nossa relação e eu não poderia estar mais agradecida por ter alguém a meu lado que dá o melhor de si para fazer de mim o melhor que posso ser. 
Arrisco-me a dizer que somos um golpe de sorte porque ninguém nos dava nada até começarmos a mostrar que éramos mais fortes do que pensavam. "É uma paixoneta e vai durar pouco". Ouvi tantas vezes e a minha resposta sempre foi a mesma: silêncio. Sempre disse para mim mesma que o tempo iria mostrar a quem não acreditava que as coisas poderiam resultar. E resultaram. Resultaram tão bem que ainda hoje, de vez em quando, me questiono como encaixámos tão bem na vida um do outro sendo vidas tão diferentes. Estilos, costumes, pensamentos, objetivos, mundos, visões. Tudo indicava o sentido oposto nas nossas vidas, mas a curiosidade era grande ao ponto de nos acabar por virar os sentidos e apontar as setas bem no sentido um do outro. Fomos apanhados na melhor fase das nossas vidas. Eu com os meus quinze quase dezasseis e tu já com os teus dezoito e agora cá estamos nós com os nossos dezassete e dezanove feitos. Apanhaste-me na fase das experimentações das coisas típicas destas idades. Estiveste presente na minha primeira bebedeira, no meu primeiro bafo e numa outra primeira vez. E fora as experimentações, tens estado presente em tudo sem nunca me falhares. 
Já ouvi muitas vezes que o amor não é para se ver mas sim para se sentir. É verdade. Mas o amor também se vê. Vê-se nos gestos, nos atos, no olhar, nas expressões. Vê-se em tudo que se faz. E vou conjugar as coisas. Sinto amor no que vejo. Sinto amor ao ver-te e sinto amor quando te vejo a olhar para mim. 

Lado a lado, dia após dia, vamos sendo felizes juntos. Extremamente e unicamente felizes há catorze meses.


sexta-feira, 3 de julho de 2015

Com muitas saudades

Tenho saudades tuas e do avô. Tenho saudades de quando me ligavas todas as semanas e desta vez passaram-se 7 meses sem o fazeres. Nunca me procuraste. Começaste o ano sem mim. Tens saudades? Saudades deves ter. Deves ter como eu tenho. Ou nem te lembras, não sei. 
Porquê que estamos assim? Cada um para o seu lado, e já não falo só de mim, falo também do pai e da mãe. Eu vou tentar explicar, pelo menos o nosso lado, porque o teu eu não sei. Há coisas que fazes que magoam e nos fazem afastar. Podes nem te aperceber ou fazer por mal, mas escolhes sempre o padrinho e elas as duas. No Natal, que é uma altura de família, voltaste novamente a querer passá-lo com eles e não connosco, mesmo eu tendo-te pedido para o passares cá em casa. Passas um ano inteiro com eles porque eles não saem de tua casa, mas se nós não vamos aí, tu também nunca vens cá. Antes até vinhas, mas deixas-te de o fazer. Das coisas que sempre odiei foi o facto de o padrinho parecer que tem ciúmes da relação que tens comigo e da relação que tens com a Fabiana. Nunca percebi. Eu é que sou tua neta desde sempre e sou eu quem age ou agia como tal. Ela não é tua neta, e se quiseres considerar que é, é há poucos anos e nunca agiu como tal. Se ele tivesse olhos na cara via a relação que eu tenho contigo e via a que a Fabiana tem. São relações diferentes. Ele acha que a Fabiana é tão ou mais neta por passar mais tempo contigo? Se é, porque será. Porque não saem daí. Passam aí a vida. E eu gostava de ir para aí para estar só contigo e com o avô. Porque tu ages de uma maneira quando estás só comigo e ages de outra quando eles estão presentes. Olho todas as semanas para uma foto de nós os três, desde que me apercebi que não ias ligar mais. Uma que tirámos no verão do ano passado aí em casa ao pé da piscina. Traz-me tantas saudades. 
Nestes 7 meses, dois amigos meus perderam as avós e o que me vem logo à cabeça é se o mesmo acontece contigo ou com o avô, eu vou sentir-me arrependida por ter perdido estes meses todos. E tu? Será que te arrependerias? Mas como é que se recupera? Como é que chego ao pé de ti e ajo como não se tivesse passado nada, como se não estivéssemos estado ausentes da vida uma da outra neste tempo todo? Não sabes nada de mim e eu também não sei nada de ti nem do avô. Namoro há 14 meses e nunca te contei porque os primeiros 6 meses ninguém sabia e os outros são os que estou sem falar contigo. E eu gostava que soubesses. Gostava que soubesses como já toda a gente sabe. Já passaste duas vezes por mim, e nas duas não fizeste nada. Na primeira vez olhei para a carrinha e nem tu nem o avô fizeram nada. Na segunda limitei-me a baixar a cabeça mas tenho a certeza que me viram. Não apitam, não dizem nada, não param a carrinha. Perdi o lugar porque deixei de estar presente? Tenho-te a ti e ao avô tão vivos e sinto-vos tão mortos em mim. É difícil explicar o que eu sinto quando me perguntam por vocês. Mas sinto tristeza. Muita. Porque há quem goste de nos ver assim e se aproveite disso. Mas existem prioridades e eu deixei de ser uma há muito tempo.
Quero que guardes isto para ti e quero que saibas que sinto a tua falta todos os dias, que nunca me esqueço de ti e que o sentimento de ausência da tua chamada a dar-me os parabéns pelos 17 anos, apesar de eu saber que não ias ligar, me partiu o coração e me fez voltar a escrever uma carta. Porque eu já escrevi muitas, mas nunca te dei nenhuma.

Adoro-te muito. Adoro os dois. Adoro-vos.

Com muitas saudades, 
 Ana